Principais possibilidades de pódio são com Guilherme Costa (400m livre), João Gomes (50m peito) e 4x200m livre; país conquista ao menos uma medalha em todos os Mundiais desde 2009
A natação do Campeonato Mundial de esportes aquáticos tem início na noite deste sábado, no horário de Brasília. A delegação brasileira é grande, são 26 atletas, e o time tem como principal objetivo encaminhar as vagas olímpicas nos sete revezamentos. Com relação às medalhas, o país, que conquistou duas ano passado e que vai ao pódio pelo menos uma vez desde 2009, não tem nenhum favorito. As chances existem, claro, principalmente com Guilherme Costa nos 400m livre, João Gomes nos 50m peito e o revezamento 4x200m livre. Mas nenhum deles está entre os mais cotados.
AS PRINCIPAIS CHANCES
Guilherme Costa 400m livre - medalha de bronze no Mundial do ano passado, ele entra com o quarto melhor tempo de inscrição na prova. Para ir ao pódio de novo, provavelmente vai precisar bater o recorde sul-americano, que é de 3m43s31. É difícil ter um parâmetro de como está o atleta, pois o Troféu Brasil foi disputado em condições que não lhe agradaram muito, no Recife, onde fez 3m47s31. Em entrevistas, disse que vai brigar para conquistar o ouro, que provavelmente vai ser na casa dos 3m42s. Australianos e alemães são os principais rivais. Nos 800m livre, é forte candidato a ser finalista, mas a medalha está mais distante. Está inscrito também nos 1500m, em que pode ser finalista também. João Gomes (50m peito) - Mais experiente da delegação atual, João tem duas medalhas nessa prova em Mundiais, prata em 2017 e bronze em 2019, e tem o quarto melhor tempo de inscrição (26s62), feito ano passado. Esse ano anotou 26s75 no Troféu Brasil e com certeza está na briga pela medalha. Italianos, chineses e americanos são os maiores rivais. Nos 100m peito, João não tem feito tempos tão bons, mas se conseguir nadar para 59 segundos baixo, briga por semi (tem como tempo de inscrição 1m00s01).
Revezamento 4x200m livre masculino - a equipe brasileira foi quarta colocada no último mundial, perdendo a medalha de bronze nos últimos metros. O quarteto deve ser formado por Fernando Scheffer, Luiz Altamir, Guilherme Costa e Murilo Sartori. Os quatro têm que melhorar bastante os tempos feitos no Troféu Brasil, pelo menos 1,5s cada. O tempo da medalha deve girar em torno de 7m01s, então o time precisa bater o recorde para ir ao pódio. EUA, Austrália e Grã Bretanha são os principais adversários.
PODEM SURPREENDER
4x100m livre masculino - o primeiro grande objetivo real do Brasil deve ser conquistar uma vaga na final, onde tem sido presença constante desde 2013, para depois pensar em brigar pela medalha. O time deve ser formado por Guilherme Caribé, Marcelo Chierighini, Felipe Ribeiro e Victor Alcará. A medalha deve girar em torno 3m10s, e os brasileiros, se fizerem os melhores tempos, podem se aproximar dessa marca. Os principais favoritos devem ser Estados Unidos, Itália, Austrália e Grã Bretanha.
Fernando Scheffer (200m livre) - medalhista de bronze nas Olimpíadas de Tóquio nesta prova, Scheffer nadou o Troféu Brasil para 1m46s, marca que dá, no máximo, uma semifinal. Para ser finalista, terá que fazer próximo de 1m45s00. Nas Olimpíadas, foi bronze com 1m44s66. Nos últimos dois Mundiais, ficou em nono lugar. Portanto, o primeiro passo é se classificar para semi, depois pensar em final, e aí sí em pódio. Tem condições de brigar, mas terá que nadar tão bem como em 2021. Britânicos, coreanos e o romeno David Popovicci são os favoritos. Leonardo de Deus (200m borboleta) - está entre os melhores do mundo desde 2011, chegando sempre, ao menos, na semifinal da prova. Nas Olimpíadas de Tóquio, foi finalista, e ficou em sexto lugar. É apenas o 14º melhor tempo de inscrição, com 1m55s47. Se nadar para 1m54s, como já fez algumas vezes na carreira, será finalista. A medalha deve sair com 1min53s. Tomuru Honda e Leon Marchand são os favoritos. O húngaro Kristoff Milak, que seria favorito, não está no Mundial.
BRIGAM POR FINAL Gabriele Roncatto (400m livre) - tem o 13º melhor tempo de inscrição, com a marca de 4m06s25, que foi recorde nacional. A final deve girar em torno de 4min05s, então se ela conseguir melhorar (o que não é fácil) poderá estar entre as oito melhores. Está inscrita também para os 800m livre e 400m medley, provas que será interessante se conseguir melhorar o tempo.
Bia Dizotti (800m e 1500m) - Bia Dizotti foi finalista no último Mundial nos 1500m e, para 2023, tem o 11º melhor tempo de inscrição. Esse ano ela já nadou em 16min08s19, mas sua melhor marca é 16m05s. A final deve ser na casa de 16m02s, então é bem possível ficar no top 8, desde que nade para o melhor da vida. Nos 800m, Bia quebrou esse ano sua melhor marca, com 8m32s93. Mas a final está um pouco distante, devendo girar em torno de 8m23s.
Viviane Jungblut (1500m) - finalista no ano passado nos 800m e 1500m, disputará esse ano, na piscina, apenas os 1500m. Está inscrita com 12º melhor tempo, com 16m09s27. Esse ano, seu melhor tempo é 16m14s, feito no Troféu Brasil, disputado em condições adversas para os fundistas. Já no Mundial de Fukuoka, nadou mal os 10km, mas foi muito bem nos 5km, terminando em sexto lugar.
Jheniffer Conceição (50m peito) - oitava colocada no Mundial do ano passado nessa prova e dona do nono melhor tempo de inscrição para o Mundial desse ano, Jheniffer tem boas chances de final nos 50m peito. Esse ano tem como melhor marca 30s58, e precisará nadar melhor que isso para ficar entre as oito melhores. Ano passado, fez 30s28 para ir à final, o que é o recorde brasileiro. Nos 100m peito, tem chances de ir até a semifinal, mas precisará bater o recorde nacional para tal.
Marcelo Chierighini (50m e 100m livre) - Chirgihini é um velho conhecido das finais nos 100m livre, chegou na decisão nos anos de 2013/15/17/19. Depois de uma temporada não tão boa em 2022, voltou bem esse ano e com chances de fazer final de novo nos 100m, e até de surpreender bem nos 50m livre. A marca dele esse ano, 47s86, feita nas eliminatórias, o credencia a ser top 8 se repetida no Mundial. Nos 50m, com 22s00 que fez, pode fazer semifinal. A final deve ficar na casa de 21s80.
Revezamentos 4x100m e 4x200m livre feminino - os dois revezamentos têm chances de fazer final. No Mundial de ano passado, o time terminou em sexto nas duas provas. Os tempos no Troféu Brasil não foram tão bons, mas com certeza os quartetos estão com chances de repetir o top 8 de 2022. Mais importante ainda é fazer boas marcas para encaminhar a vaga olímpica, que virá com as melhores marcas de cada equipe nos Mundiais de 2023 e 2024. Nos tempos de inscrição, o Brasil tem a nona marca no 4x100m e oitava no 4x200m.
BRIGAM POR SEMI
Guilherme Caribé (50m e 100m livre) - é a grande revelação da velocidade brasileira nos últimos anos, com chances de ser finalista nos 50m e 100m livre. É o décimo nono no tempo de inscrição dos 100m livre (48s11) e 28º nos 50m livre (22s01). Nadando para essas marcas, fatalmente chegará até a semifinal. Para ser finalista, precisa melhorar entre dois ou três décimos em cada prova. O que não é impossível, mas é algo que poucos conseguem fazer.
Bruna Leme (200m medley) - uma das grandes surpresas do Troféu Brasil, Bruna venceu a competição com a marca de 2m12s71 que, se repetida no Mundial, muito provavelmente lhe colocará na semifinal. Para ir à final, precisaria melhorar muito a marca, na casa de 2m10s Giovana Diamante 100m borboleta - está inscrita com o 18º melhor tempo do Mundial, com 57s87 que ela fez ano passado. Esse ano, porém, não chegou nem perto dessa marca. Se conseguir nadar na casa dos 58 segundos, faz semifinal. A final deve ser na casa dos 57 baixo.
Kaiky Mota (50m e 100m borboleta) - O tempo que fez no Troféu Brasil, 51s88, se for repetido no Mundial, deve lhe dar uma vaga na semifinal sem problemas. Chegar na final precisa nadar perto dos 51s00. Nos 50m borboleta, ele também tem chances de ficar entre os 16.
Guilherme Basseto (50m e 100m costas) - Se nadar para baixo dos 54 segundos, algo que é bem possível para ele, deve conseguir uma vaga na semifinal dos 100m costas. Mas, neste ano, o melhor tempo foi 54s31. Nos 50m costas, o tempo de 24s78 que ele fez nesta temporada o faz brigar para ser semifinalista ou até mesmo chegar na decisão. No último Mundial, em 2022, ele foi semifinalista, a dois décimos da final.
Stephanie Balduccini (100m e 200m livre) - grande revelação do Brasil nas provas de nado livre nos últimos anos, foi semifinalista nos 100m e 200m do último Mundial. Tem tudo para repetir a dose neste Mundial, mas ela não nadou tão bem no início da temporada. Tem como melhor tempo no ano 54s61, e uma marca um pouco melhor lhe dará uma semifinal com tranquilidade no Mundial. Para a final, precisará nadar na casa de 53s, seu melhor da vida é 54s10. Nos 200m, 1m58s deve dar uma vaga na semifinal, bem possível que consiga, mas a decisão é para 1m56s. Ela está inscrita também para os 50m livre, com 25s27, que pode ser semifinalista também.
Maria Fernanda Costa (200m e 400m livre, 200m borboleta) Nos 200m livre, tem o 21º tempo de inscrição, com 1m57s76, Nos 400m, tem o 20º tempo de inscrição. Ela ainda está inscrita nos 200m borboleta, mas mais como teste do que para brigar por semifinal. Foi um dos grandes nomes do Troféu Brasil, e tem boas chances de avançar nos 200m livre.
Gabrielle Assis (200m peito) - recordista brasileira dos 200m peito, foi um dos destaques da seleção no primeiro semestre, sendo bem regular nos 200m peito. Sua marca, 2m25s31, se repetida no Mundial, tem tudo para dar a ela uma vaga na semifinal. Seria a primeira semifinalista da história do Brasil nesta prova.
Os revezamentos 4x100m medley masculino, misto e feminino não chegam com chances muito grande de final, mas é essencial que façam tempos muito bons, para que encaminhem vagas para as Olimpíadas. Nos 50m e 100m costas, Julia Gomes disputa seu primeiro Mundial adulto e será interessante se fizer a melhor marca da carreira. Nos 400m medley, Stephan Steverink está se firmando na categoria adulto, e se conseguir uma marca casa de 4m14s será um bom resultado. Nos 50m borboleta, Celipe Bispo nadará sua primeira prova individual em um Mundial adulto.
Por Guilherme Costa — São Paulo para GE
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