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Dos campos de futebol ao empreendedorismo



Conhecido pelo seu futebol, principalmente entre torcedores da dupla Gre-Nal, o ex-jogador e empresário Paulo César Tinga, ou simplesmente Tinga, mergulhou em 2015 em um mundo até então desconhecido, o dos negócios, e passados mais de cinco anos, é case de sucesso, inclusive com palestra em todo país, com o tema Gestão Além da Planilha. Atuante no setor imobiliário, de entretenimento, turístico, no comércio e de energias renováveis, além de forte atuação em ações sociais pelo Brasil, Tinga conta “causos” da infância, a nada fácil entrada no futebol e sobre como parou no mundo dos investimentos.


Na última terça-feira (21), foi a vez de Caxias do Sul receber a palestra, na abertura da primeira edição do e-tron Road Show, com apresentação de carros 100% elétricos da marca Audi, na Audi Center. Confira a entrevista na íntegra:


Como tu enxergas a tua reinvenção profissional?


Pra mim foi difícil, poucos mudam tanto de profissão como eu mudei. Mas hoje eu te confesso que eu tenho tanto orgulho e em alguns momentos mais orgulho de quando eu vivia no futebol.


De onde veio tanta persistência para seguir teus sonhos, desde que começaste no futebol?


Para haver mudanças, para haver transformações, a gente tem que ter muita coragem, e é ir com medo mesmo. Em vários momentos, eu tive medo dessa transformação, mas eu sempre digo que eu tive uma base muito boa, e a base que tive é de lembranças da infância, da minha mãe pedindo para eu não fazer barulho porque ela precisava dormir para sair para trabalhar de madrugada. E eu lembro que, quando ela saía para trabalhar, ia com uma sacola vazia, e no outro dia ela voltava com duas sacolas cheias de comida, bebida, que eu não tinha na época. E isso me remete que trabalhar é bom, que trabalhar é algo que pode transformar. Então, eu cresci com isso na mente, que a única maneira de transformar minha vida é por meio do trabalho. A única mágica que eu vi, de fato, até hoje, era quando a minha mãe saía para trabalhar com uma sacola vazia e voltava com duas cheias. A minha mudança pós-futebol vem muito da base que tive, que é trabalho, persistência, coragem para viver o novo, para viver em um mundo que eu não conhecia e hoje estou muito feliz de estar conectado com mundos diferentes, principalmente do negócio e bem distante do futebol.


Em que áreas tu atuas atualmente?


Eu tenho uma das maiores agências de turismo de Porto Alegre, tenho marca de roupa, com lojas no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, faço as minhas palestras no Brasil todo, que é a Gestão Além da Planilha, explicando essa transformação, e criei paralelamente um jeito de vender a minha imagem que me traz hoje aqui. A minha transformação veio com muita reinvenção, muitos questionamentos. Hoje eu estou aqui em Caxias e lembro que uma das minhas grandes aulas foi aqui. Quando eu me aposentei, em 2015, eu liguei, na época, para o CEO da Marcopolo e pedi para ficar dois dias na empresa porque queria entender como duas barras de ferro se tornavam ônibus. Estive aqui, em Carlos Barbosa, na Tramontina, com o Clóvis (Tramontina), fazendo pergunta para ele, porque eu queria entender como um vizinho nosso, um gringo daqui, conseguir colocar um garfo e uma faca na casa de todo mundo. Então fui fazer perguntas para o mercado e, a partir daí, vieram ideias na minha cabeça que me fizeram criar alguns projetos que hoje têm me dado uma alegria muito grande e que me fazem viver coisas que nunca imaginei viver.


Esses empresários da Serra foram uma inspiração para ti?


Eu sou muito grato ao pessoal da Marcopolo, da Tramontina, por abrir as portas e me mostrar um mundo diferente, porque no futebol tu vive numa bolha, que a gente joga e chega tudo pronto. No futebol, tu não sabe nem o que está acontecendo fora do ambiente do futebol. Joguei futebol por durante 20 anos e tinha vez que eu nem sabia quem era o presidente da República, porque não faria diferença para mim no futebol. Hoje vejo que cada movimento é importante para a sociedade. É isso que eu tenho vivido e tenho gostado muito.


Tu tens expressiva participação nas ações sociais no Brasil. Como tu tens visto esse cenário atualmente?


Eu nunca fui do estudo, mas sempre fui de perguntar e ler. Eu li um artigo, no final de 2012, que naquele 31 de dezembro, a partir de então, todas as empresas que não tivessem engajamento social ou ambiental seriam condenadas. E hoje eu vejo que isso é uma realidade. É importante a gente trabalhar e ter retorno, mas é importante também a gente dar uma olhada para o lado e ver como a gente pode ajudar. Desde aquele momento que eu entendi que aquilo já era parte da minha vida. Eu faço ação social por egoísmo, me faz tão bem que eu continuo fazendo. Que eu quero mais.

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